domingo, 30 de maio de 2010

Como?

Perguntam-me a toda a hora como é que consigo escrever coisas bonitas... Para todos perceberem a técnica da coisa, digo-vos apenas isto: NÃO FAÇO A MÍNIMA IDEIA! O escrever "bonito" não é algo muito pensado, apenas vem de algures, aparece do nada e escreve-se... Para saber escrever, é preciso saber sentir, é preciso QUERER sentir. Também querem escrever assim? Fácil... Basta soltarem para o papel tudo o que sentem dentro de vocês, deixem que a caneta transmita o vosso desabafo, nada mais fácil... Cada vez que olho para o que escrevo, penso assim "Qualquer um consegue escrever isto, não me custou nada escrevê-lo!" - e é verdade! É claro que, depois da inspiração, depois do desabafo, depois do sentir, é preciso pensar um pouco... organizar as ideias, pôr tudo no lugar, decidir a rima (e nem toda a poesia é rimada) e tentar criar algo de que nos orgulhemos no fim. No outro dia, num momento em que estava sem nada para fazer, fitei um infinito por um pouco, a pensar na vida, sei lá, perdi-me em pensamentos! E cheguei a uma conclusão: "As palavras mais belas são aquelas que sobressaem no silêncio do olhar mais profundo...". Calma, isto que acabei de escrever podia ter sido escrito por vocês, não é assim tão difícil, e é até bastante simples de perceber. O olhar mais profundo é o olhar que fazemos sobre nós, é o nosso "eu" mais íntimo, e é nele que encontramos tudo o que sentimos... Basta pensarem, pararem, sentirem... A escrita vem depois, flui naturalmente com vocês, e vão ver que em certas ocasiões, escrever até vos vai fazer sentirem-se melhor... Escrevam, sintam, VIVAM! (e eu sou só eu, não sou "O" poeta) Aproveitem a dica =)

Secretamente

É um sonho impossível
E até inconcebível,
Um amor improvável
Mas bem apetecível
Que parece agradável
Mas por vezes temível,

Que me atinge profundamente
A alma, o ser, o coração,
E me aumenta a tentação,
E me acresce pulsação.

Tal é o sonho imprudente,
Tamanho desejo incandescente
Amor, assim lhe chamam,
Sentimento ardente
Que me enche de tal desejo
Possessivo e evidente,

Que deliberadamente
Me faz ficar constantemente,
Num estado deprimente
E a esperar, esperançoso,
Por um gesto carinhoso
Muito mais que aparente...

Mas fico sempre descontente,
Confuso, eternamente,
A pensar em ti, somente,
A amar-te, secretamente...

sábado, 22 de maio de 2010

Pensamento (2)

Nunca consigo pensar em nada de jeito quando penso que tenho de pensar em algo de jeito...

Pensamento (1)

Quem me dera ter cabeça para te dizer que estou sem cabeça alguma para te dizer seja o que for...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Ponto de Vista

Quem sou eu? Para mim sou,
Para ti és e para ele é...
Afinal como posso ser até
Mais que aquilo que sou?

Se é só minha a minha amada,
Se Romeu sou da minha Julieta
E constantemente me vejo vedeta
Duma peça por mim criada?

Como posso eu aceitar
A minha própria existência?
Qual é (da vida) a essência
Que me deixa ser ou estar?

Quem sou eu? Não sei responder,
Só te sei dizer aquilo que escrevi,
Sou só aquilo que consegues ver...

Mas como responder a isto aqui
Com toda a verdade do meu ser,
Se a resposta reside em ti?

terça-feira, 18 de maio de 2010

Farto

Farto desta vida,
Deste beco sem saída,
Farto de não ser amado
E de nunca ser abraçado.

Saturado, por não ter
Quem me espere de manhã,
E que fique ansioso por me ver,
Que venha ter comigo sem se conter.

Farto de não ser especial,
Farto de ser sempre igual...

De não ter alguém que confie em mim,
Alguém que me ame incondicionalmente,
Alguém que goste de mim assim,

Que me adore por ser como sou,
E que me diga aquilo que sente,
E que tenha saudades quando não estou.

Estou farto de me esconder,
De estar sozinho e triste,
Farto de esperar
Por alguém que não existe.

Soneto ao 25 de Abril

Este dia como outro tal se desfez
Dando lugar à noite adormecida,
Dormem os de cima, pátria tremida,
Em baixo acordam de desfaçatez.

De baixo a alta voz ouvir se fez,
Junto com a esperança antes perdida,
E o cravo, vermelho de sangue e vida,
Relembra o coração do português.

Em vestígio da dor que se procura,
E encobrimento da dita verdade,
Se encontra algo que então pois, não perdura.

Pois se o povo grita por igualdade,
Se finda ali logo toda a censura,
E nasce a merecida liberdade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Perdido

Perdi-me no teu olhar, no teu sorriso, e bastou-me isso para nunca mais me encontrar...

Amor

Não sabes o que é
Acordar todos os dias,
Deitar-me todos os dias
Sempre com este pensamento,

Com esta angústia, esta agonia,
Esta dor de noite e de dia,
Um confuso sofrimento,

Uma sensação inquietante
E ao mesmo tempo incandescente
Que me faz sentir contente,
Que me faz sentir triste,

Uma sensação sorridente
Que contudo, não resiste
A deixar-me em pensamento,

A fitar o infinito
Com um olhar desatento,
Com uma mente em conflito,
E me rouba por um momento

Tudo o que é sensação
E me deixa frio e quente,
Confuso, na escuridão,
E depois, de repente

Me repõe o sentimento,
Mas ainda em pensamento,
E me tira o humor.

Esse sentimento,
Inacabável sofrimento,
Inigualável contentamento,
Que é o AMOR...

domingo, 16 de maio de 2010

Momento


Um murmúrio que quebra o silêncio profundo de quem não ouve,
Uma luz que irrompe pela infinita escuridão de quem não vê,
O magoar de quem não sente, o sentir de quem não vive,
O parar por um momento, o viver para morrer.

É o ser e não ser, cobiçar a vida eterna,
Abraçar o vazio e mergulhar na imensidão
Do universo, sorrir em sofrimento,
É poesia desenfreada numa enorme confusão.

Um raio de Sol em pleno Inverno,
Num repente, não saber onde estou,
E afogar-me em algo terno.

Foi só algo que acabou,
Foi um momento que pareceu eterno,
Ver a rapariga que por mim passou.

Avó

Este foi um poema que fiz para a minha avó, no dia do seu 87º aniversário, e ela estava hospitalizada, por isso enviámos-lhe um postal com este poema escrito:

Avó de nome, assim sempre foi,
Alegria inesgotável e puro amor sem fim,
Preocupada e incentivada, claro,
Todas as avós são assim!

Mas igual a minha não é, não...
Quer dizer, tudo o que disse é verdade,
Mas a minha avó faz com que os netos
Se encaminhem pela vaidade...

É sim senhora assim como disse!
E posso não ter sido muito profundo...
Mas como poderia eu não me envaidecer,
Se a minha avó é a melhor no mundo?

sábado, 15 de maio de 2010

Saudade

Já nem a voz ouvir consigo,
O teu olhar, perdi-o,
E num caminho esguio
O pensamento perde-se comigo...

Ao longe bate a vontade
De reviver o passado,
E como se tivesse destinado,
Chama por mim a realidade...

Um amor que vive
Mas que não respira entretanto
N'alma sôfrega de outrém.

Uma lembrança que tive,
Um momento que vai distante
Mas que no coração se mantém...

Ai! Que não aguento
Tão demorosa infinidade,
Se não me ajuda o tempo
A matar esta SAUDADE.

Nem era preciso...

Nem sequer beijar-te,
Só queria poder amar-te,
Nos olhos poder olhar-te,
No cabelo mexer-te,
"Amo-te" dizer-te,
Na cara poder tocar-te,
Na mão pegar-te
E pôr o mundo de parte.

Nem era preciso beijar-te...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Vago...

Vivo para morrer e morro para viver, escrevo para sentir e pra voltar a nascer.

Sum Ergo Sum (Sou, logo, sou)

Sou o que sou
E sou o que não sou,
Sou o que seria
E seria o que não sou.

Sou o que fui,
Sou o que serei,
Serei o que fui
E fui o que sou.

Não seria o que sou
Se o que sou não tivesse sido
Aquilo que fui e serei
E pudesse ter sido.

O que sou, sou,
E o que não sou, sou,
Sou tudo o que queres que seja,
Desde que me deixes ser...

Não sei que raio de título hei de dar a isto...

Caros leitores, se não gostarem de poesia, fechem os olhos durante a leitura das próximas páginas, porque este blog foi concebido para eu mostrar aquilo que melhor faço: escrever. E MaiNada! Já há algum tempo tenho andado a pensar numa forma de me mostrar ao mundo, até que me falaram desta ideia do blog, por isso espero que isto resulte, apesar de não me parecer que isso vá acontecer... Sem mais demoras, vou começar já já a fazer com que o vosso olhar core sob a Minha Alma em Verso...